A proteção dos animais é um tema cada vez mais relevante na sociedade brasileira. A lei de maus-tratos animais estabelece punições severas para quem comete abusos contra bichos, sejam eles domésticos ou silvestres. Neste artigo, você conhecerá a legislação vigente e saberá como agir para proteger os animais em situação de vulnerabilidade.
Lei de maus-tratos animais: o que a legislação brasileira estabelece
No Brasil, a principal base legal para punir abusos contra animais é a Lei nº 9.605 de 1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais. O artigo 32 desta legislação é específico sobre a lei de maus-tratos animais, determinando que praticar atos de abuso, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, constitui crime.
A pena prevista inicialmente era de três meses a um ano de detenção, além de multa. Contudo, com as atualizações trazidas pela Lei nº 14.064 de 2020, quando o crime é cometido contra cães ou gatos, a punição tornou-se mais rigorosa: reclusão de dois a cinco anos, multa e proibição da guarda de animais.
A legislação também prevê agravante se o animal vier a óbito em decorrência dos maus-tratos, aumentando a pena de um sexto a um terço. Este endurecimento reflete a crescente preocupação da sociedade com o bem-estar animal e o reconhecimento desses seres como dignos de proteção legal.
Práticas que caracterizam violência contra animais
A lei não detalha de forma específica todas as condutas que são consideradas maus-tratos, deixando essa interpretação muitas vezes a cargo do judiciário. No entanto, diversos comportamentos são amplamente reconhecidos como abusivos:
- Manter animais em locais insalubres ou sem espaço adequado
- Deixar pets expostos a condições climáticas extremas sem proteção
- Submeter animais a esforços excessivos ou competições que causem estresse
- Agredir, ferir ou mutilar qualquer parte do corpo do animal
- Negar assistência veterinária quando necessária
- Não fornecer alimentação e água adequadas
- Abandonar animais em quaisquer circunstâncias
- Abusar sexualmente de animais
- Envenenar propositalmente
- Promover ou utilizar animais em brigas
Segundo dados do Instituto Pet Brasil, existem aproximadamente 185 mil animais abandonados no país, com 60% tendo sido vítimas de alguma forma de abuso. Esta estatística alarmante evidencia a necessidade de vigilância constante para proteger os animais de situações prejudiciais.
Como realizar denúncias de maus-tratos a animais
Ao identificar uma situação que viola a legislação de proteção animal, é fundamental reunir evidências para embasar a denúncia. Registros fotográficos, vídeos e depoimentos de testemunhas são elementos importantes para comprovar a prática do crime.
Os canais para formalizar a denúncia incluem:
- Delegacias de Polícia – Em alguns estados, como São Paulo, existem delegacias especializadas em proteção animal (DEPA), mas qualquer delegacia pode receber a denúncia
- Ministério Público – Aceita denúncias via site ou por telefone através das ouvidorias estaduais
- Secretarias de Meio Ambiente – Municípios e estados possuem canais específicos para receber este tipo de ocorrência
- Conselhos Regionais de Medicina Veterinária – Para casos de maus-tratos cometidos por profissionais da área
É importante ressaltar que a denúncia pode ser anônima, garantindo a segurança do denunciante. Caso o órgão se recuse a receber a queixa, isso também constitui irregularidade e deve ser reportado ao Ministério Público.
O papel dos médicos veterinários na proteção animal
Os profissionais veterinários têm responsabilidade legal na identificação e notificação de casos suspeitos de maus-tratos. No estado de São Paulo, a Lei nº 17.640 de 2023 estabeleceu a obrigatoriedade para clínicas e hospitais veterinários de reportarem situações em que constatarem indícios de violência contra animais.
Nesses casos, o estabelecimento deve encaminhar à Polícia Civil ou à Delegacia Eletrônica de Proteção Animal um relatório detalhado sobre as condições do animal, incluindo dados da pessoa que o levou para atendimento. Esta medida representa um avanço significativo na rede de proteção aos animais, permitindo que profissionais da saúde animal atuem como agentes fundamentais na identificação precoce de abusos.
A importância da conscientização para prevenir abusos
A educação sobre os direitos dos animais é tão importante quanto a punição aos infratores. A conscientização sobre práticas adequadas de cuidado animal contribui para prevenir situações de negligência e abandono, muitas vezes originadas pelo desconhecimento.
Programas educativos nas escolas, campanhas publicitárias e ações comunitárias são estratégias eficazes para difundir informações sobre posse responsável e respeito aos animais, criando uma cultura de proteção que vai além da simples aplicação da lei.
A responsabilidade pela proteção animal é compartilhada entre o poder público e a sociedade civil. Conhecer a lei de maus-tratos animais e agir quando necessário é um dever de todo cidadão comprometido com uma sociedade mais justa e compassiva para todas as espécies.